sexta-feira, 15 de março de 2019

Marços


Março de 2013:  4 – Peça de Câmara para 1 Atriz e 4 Personagens respirou no palco pela primeira vez, no Teatro Glaucio Gill, durante a Ocupação Clímax, capitaneada por Domingos Oliveira.










Em Março de 2015, foi a vez de um palco maior, o do Teatro Artur Azevedo, em Campo Grande, exatamente nos dias 14 e 15.

Chegou Março de 2016, e fomos mais longe, ao Paraná, na Mostra Fringe do Festival de Curitiba.










 

Em Março de 2017, fomos mais fundo, apresentando o solo no 30º Aniversário do CEDIM, Conselho Estadual do Direitos da Mulher, no Rio de Janeiro, exatamente 4 anos depois da primeira leitura.
 



Mas em Março de 2018, fomos mais tristes. Exatamente nos dias 14 e 15 ocupávamos as tablas na I Mostra Mulheres em Cena, no Teatro Maria Clara Machado, do Planetário da Gávea. Foi difícil entrar em cena. Mas necessário. Hora de soar as vozes que quiseram calar, calando uma representante de tantos. Teatro, palco e tribuna, ensinamento e diversão, crítica e comunhão. E jamais esquecerei que a jovem e guerreira atriz Natália Balbino veio sim, debater, trazendo o calor das mãos daquela multidão reunida espontaneamente na Cinelândia.



Março de 2019. Tem espetáculo?

terça-feira, 30 de outubro de 2018

PAZ

PAZ
Ar
Respirar
Serenidade
Equilíbrio

Paz construída
reconstruída
rerereconstruída
em
FRATERNIDADE



Envelhecermos
ou
Amadurecermos
como
país
que saiu do aconchego
do berço que balança
mas não vai cair
nem entregar
nem negar
o que tem
de
esplêndido

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Mulher, Direitos e Democracia




Em  "4 - Peça de Câmara para 1 Atriz e 4 Personagens",
há uma cena a que não assistimos: 
o Homem bate na Mulher.
Sabemos disso por referências dos dois e da Garota, filha deles, 
e também há referências da Velha, mãe do Homem e sogra da Mulher.
Os mais atentos percebem que depois deste dia, 
o Homem some de casa e não dá mais notícia.
Percebem também que ele é alcoólico e ciumento. Isso, ele mesmo declara. 
Sim, porque depois de 4 anos ele volta. Pressente que a mãe vai morrer. 
Procura a Mulher (que é professora mal remunerada e completa o orçamento com bicos), 
para saber o que ela acha dele ver a Velha. 
Nesse momento, revela à Mulher que vai fazer 2 anos que não está bebendo.
Os mais atentos vão juntando as peças 
e percebem que naquele dia, com a violência que cometeu, 
ele ultrapassou seu próprio limite. 
E chocado consigo mesmo, se afastou.
Não sabemos detalhes de sua vida nos primeiros dois anos. 
Apenas que está lutando cotidianamente para superar sua compulsão 
e que recentemente arranjou emprego. 
Enquanto há tempo, quer pedir desculpas à Velha, sua mãe, 
pelo abandono e pela vergonha que causou.

E não tenta fazer o mesmo com a Mulher e a Garota sua filha, 
porque ele mesmo não se perdoa pelo que fez. Mas ainda as ama. 
Até onde isso pode levá-los?
Na Arte é possível sonhar, arriscar, 
acreditar e tornar possível até o impossível. 
Cabe acreditar que o ser pode melhorar, 
superar barreiras, porque pode mesmo.

Na Vida também se pode ser melhor, 
em um esforço pessoal cotidiano de superação, 
equilíbrio, respeito, fraternidade.
Na ficção, o Homem da peça se afastou porque 
reconheceu que tinha problemas e que estes 
o tinham tornado um ser perigoso para aqueles a quem amava.
Na Vida, muitos homens não se dão conta disso. 
Por fraqueza, doença, ignorância, ou até mesmo por sadismo, 
alimentam um círculo vicioso de violência-arrependimento-carinho 
 para repetir com mais violência a cada vez este ciclo, a que se somam ameaças. 
Muitas mulheres fazem parte desse círculo 
por medo, outras por esperança, outras por resignação, 
baixa autoestima, outras por vergonha ou culpa.
Na ficção, a peça se passa no fim do século XX, 
quando a proteção à Mulher engatinhava. 
Hoje, existe a triste figura do feminicídio que nomeia 
a que ponto pode chegar o descontrole, e com todos os percalços, 
existem os núcleos de apoio à Mulher, uma mudança de compreensão do problema.

Essa mudança só foi possível porque estamos em um regime democrático, 
onde é possível reclamar, se queixar inclusive do exercício de seus direitos.
Se por desgraça impera o machismo e o autoritarismo, 
mesmo quando "protegidas", as mulheres serão vistas como seres menores, 
a quem se pode calar e a quem afinal, não se precisa escutar seriamente. 
E várias se objetificam talvez até voluntariamente 
em busca do arquétipo do "protetor".
Na Vida, aqui no Brasil de 2018, analisemos detalhadamente 
as propostas que temos em frente antes de votar. 
Reflitamos profundamente onde somos respeitadas 
como cidadãs livres, conscientes, com direitos e salários equivalentes 
e consideradas na diversidade de desejos, estéticas, sonhos, realidades 
e possibilidades para si e para cada família.
Porque é no dia a dia 
que os sonhos 
são construídos em realidade. 
Ou os pesadelos.

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018